Moda como extensão do corpo: Teoria dos Meios
- Larissa Souza
- 16 de ago. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 17 de ago. de 2020
Herbert Marshall McLuhan é Canadense onde viveu até o dia de sua morte em dezembro de 1980, e foi deste espaço periférico no mundo acadêmico que alcançou espaço e relevância no campo da comunicação.
A Teoria dos meios segue a premissa de que cada geração interage com um agrupamento de mídias que provocam alterações no modo em que pensam, vivem e entendem a realidade. Isso se deve a relação que existe entre o sujeito eo nível de interação com as mídias. Com o tempo os meios foram se alterando para acometer a existência humana de forma cada vez mais intrínseca.
Mc Luhan define os meios de comunicação como dimensões ampliadas do corpo humano, principalmente no que se trata das mídias eletrônicas são nada menos que o sistema nervoso humano se expandindo. O autor cita o impacto que o cinema e o rádio causaram ao psiquismo humano. Enquanto a imprensa propõe um pensamento linear, uma ideia segue logicamente relacionada à outra, a mídia eletrônica proporciona a sensação de que tudo é uma experiência imediata e que tudo acontece de uma vez, em ordem aleatória e sem conexão necessária. Aqui é importante ressaltar que a vivência antecede a internet e que essa afirmação trata estritamente dos meios ainda fragmentados como cinema, televisão e rádio. E que essa experiência torna-se uma “massagem da alma” relaxadora, porém estimulante.
Numa cultura como a nossa, há muito acostumada a dividir e estilhaçar todas as coisas como meio de controlá-las, não deixa, as vezes, de ser um tanto chocante lembrar que, para efeitos práticos e operacionais, o meio é a mensagem. Isto apenas significa que as consequências de sociais e pessoais de qualquer meio - constituem o resultado do novo estalão introduzido em nossas vidas por uma nova tecnologia ou extensão de nós mesmos. (Mc Luhan, 1964)
O autor afirma tal ponto a partir da análise da luz elétrica como informação pura, é um meio sem mensagem.O que significa que o conteúdo de qualquer meio ou veículo é sempre outro meio ou veículo. E assim se segue na lógica: O conteúdo da escrita é a fala, assim como o conteúdo da imprensa é a palavra escrita e como o conteúdo do telégrafo é a imprensa. Sendo assim, afirmar que “o meio é a mensagem” é entender que o meio configura, controla a proporção e a forma das ações e associações humanas.
Harold Innis, contemporâneo de McLuhan, afirma que o Meio de Comunicação principal usado em cada período da história por uma sociedade está vinculado ao modo no qual ela se organiza em termos políticos, econômicos e sociais. Partindo dessa constatação podemos observar a atualidade como uma rede descentralizadas, onde existem organizações que tomam a frente nos posicionamentos mediados por espaços como a internet, apesar de ainda ser árdua a tarefa de definir quem controla e de onde vem essas mediações. Isso porque as barreiras culturais, étnicas e geográficas foram reduzidas, conceito definido por Mc Luhan como Aldeias Globais
O autor também fala em seu livro “Os Meios de Comunicação como extensão do Homem” como as mídias funcionam como extensão do corpo humano, assim como as roupas são extensão da pele.
O vestuário, como extensão da pele, pode ser visto como um mecanismo de controle térmico e como um meio de definição social. Nisto o vestuário e a habitação são parentes próximos, quase gêmeos (...) A habitação prolonga os mecanismos internos de controle térmico de nosso organismo, enquanto a roupa é uma extensão direta da superfície externa de nosso corpo. (Mc Luhan, 1964)
Em um breve traçado histórico o autor fala da transformação da função do vestuário. Ainda em um capitalismo inicial e cultura de massa ainda em experimentação a economia era voltada para bens uniformes de consumo. Mas que depois da Segunda Guerra Mundial, ascensão da publicidade e indústria cultural em seu auge, as figuras “ícone” passam a influenciar no consumo. A imagem visual também se transforma, se distanciando da figura escultórica e performática, trazida desde a aristocracia, para uma figura tátil e escultórica, McLuhan afirma que pela primeira vez a mulher americana se apresenta como uma pessoa a ser tocada e manipulada, e não simplesmente olhada. Essa Transformação ainda se dá nos dias de hoje através da divisão da moda conceitual e moda comercial.
A eletricidade corrobora ainda mais para essa visão sobre o vestuário, assim como as mídias como extensão do corpo humano, visto que nos tempos atuais, como comenta Me Luhan, vivemos, respiramos e ouvimos com toda a epiderme (1964), isto é, existem cada vez mais acessórios eletrônicos como fones, telas, amplificadores e outros que se unem ao corpo humano assim como uma peça de vestuário.
Mas para isso faremos um traçado histórico pela trajetória e avanço da moda desde o século XIV até a atualidade para melhor compreensão, partindo do estudo de Gilles Lipovetsky.










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